quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Recalculando a trajetória



Mais um treino no Baetão, às 6 da manhã de sábado. Mais um final de semana de reflexões.
Na semana passada, como o Harry vinha à São Paulo, mais um treino no Baetão, São Bernardo do Campo, foi marcado com o Igor.
Por volta de 9h, recebo uma mensagem de texto do Harry. Dava para sentir o desolamento dele em tão poucos caracteres. Naquele sábado, levou um banho de água fria. Não na piscina eventualmente sem aquecimento, mas sim do Igor.
Entre as muitas observações que fez ao Harry, o ábaco, que eu tinha achado tão criativo, foi condenado por ele! Como o Harry me contou depois, apesar da ideia ser inusitada, aos olhos do Igor, essa história de contar as piscinas usando o arefato milenar era absurda, contribuindo inclusive com uma desconcentração no momento do treino. Na minha percepção, contar as piscinas nadadas deve ser parte do treino mental que um atleta deste nível tem que ter indubitavelmente. Delegar ao ábaco é dar chance para a mente voar entre as braçadas e não focar no que exatamente o nadador está fazendo naquele momento, naquele lugar e, principalmente porquê está fazendo tudo aquilo.
As observações seguiram pesadas, afirmando que tudo estava pior. O nado, inclusive. A pior parte foi
ouvir sobre a luz vermelha: esta luz sinaliza um alerta de que nessas condições valeria a pena reconsiderar o projeto. Difícil, não?
Obviamente, na condição de amigos, eu e meu marido acolhemos o nosso caro Harry, mas passado o impacto inicial, imagino que ele mesmo se questionou se estava no caminho certo. Acho que a primeira pergunta que se fez foi se realmente queria bancar isso tudo até o final. Uma vez a resposta ter sido afirmativa, era a hora de mudar as atitudes.
A primeira providência: mudar o horário do treino na piscina. Até então, a rotina dele era a de trabalhar até às 18h e depois nadar. Mas... sempre tem um mas, isso acontece com quem tem autonomia total sobre seus horários de trabalho. O Secretário de Turismo não se encaixa nessa categoria. E o que era o mais frequente? O final do dia ia se aproximando, o volume de trabalho não diminuia e só de pensar que estava atrasado para o treino já era suficiente para deixar o Harry estressado.
Fiquei pensando que atravessar o Canal da Mancha, competir numa olimpíada ou disputar a Copa do Mundo, são eventos para atletas profissionais cujas atividades diárias estão totalmente pautadas para esses objetivos. Quem são os atletas que se dispõem à esses desafios e que além de treinar, ainda usam o seu dia para, digamos, trabalhar? Claro que em algum momento isto tudo faz diferença! Aonde se compensa estas horas de trabalho que "roubaram" horas de treinamento?
Por esta razão, a partir daquela segunda-feira, às 6 da manhã, o Harry já está na piscina. Depois do treino, pode vestir a roupa de trabalho sossegado com a sensação de cumprimento de dever. O que deve ter aliviado todo aquele stress acumulado. O final do dia ficou reservado para treinos de musculação e alongamentos. Ah, e aulas de ioga!
Esperamos que essa conversa com o Igor tenha direcionado nosso nadador para um caminho menos tenso e mais produtivo e que ainda que esses momentos de encruzilhada aconteçam, ele consiga recalcular a trajetória e seguir em frente!

Um comentário:

  1. Cada vez mais os treinos vão se complicando, mas acredito na força do meu amigo para superar todos obstáculos. Lembro dos treinos que faziamos na Ilha das Cabras cedo, com água gelada e vento frio... Agora estou com muito vento e águas quentes e salgadas do Ceará. Força Harry!

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