quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bravo, bravíssimo!










Alegria, exitação, preguiça, coragem, medo, frio, sono, motivação, desânimo. Durante 1 ano, as emoções e sensações vieram no atacado. 
Há quase um ano, comecei a escrever sobre meu amigo Harry e seu projeto um tanto quanto incompreensível para mim.
Ao longo desses meses, pude ver o que é aceitar um desafio insano, duvidar e acreditar de si mesmo com a mesma intensidade, se propor a mudar toda a rotina de trabalho e consequentemente o convívio com a família (sem falar no lazer, ou melhor, na falta dele) e cumprir uma programação espartana de treinamentos variados.
Nos últimos dias, já na Inglaterra, este projeto se tornou concreto e porque não dizer, aterrorizantemente concreto.
Possivelmente para o Harry foi o momento mais verdadeiro de confronto interior. Apesar das dúvidas e temores, pude ver ele receber tanto apoio e carinho, que com certeza fizeram com que todas as energias se canalizassem para este resultado positivo.
E ontem, quando ele me contou que tinha conseguido completar a travessia, pude perceber que cada um de nós que o acompanhou nesta jornada, atravessou junto com ele.
Acho que mesmo se ele não tivesse conseguido completar a travessia, já teria ganhado admiração e respeito de todos nós.
Provavelmente este é o último post do blog. E talvez o que eu tenha escrito com mais alegria. 
Agradeço a todos que compartilharam dos meus pensamentos através dos textos.
Agradeço especialmente ao Harry, pela oportunidade de traduzir em palavras esta vivência tão particular.
Levo uma lição de determinação, perseverança e principalmente, do entendimento de que apesar de todos os sentimentos ambíguos, quando alguém se dispõem a enfrentar um desafio, é capaz de identificar em si mesmo uma força que talvez nunca ousasse conhecer. Nossos limites são exclusivamente nossos e isso nos dá um relativo controle sobre a vida.
Agora o Secretário de Turismo de Ilhabela acrescenta ao seu currículo, um título que ninguém poderá tirar dele: aos 55 anos, conseguiu atravessar o Canal da Mancha, A nado.
Daqui em diante, seguiremos nossas vidas como de costume. Mas para história dele, essa passagem será especial.
A única coisa que me resta, caro Harry, é chamar todos os teus companheiros e dedicar uma salva de palmas!
Bravo bravíssimo!!!

domingo, 24 de junho de 2012

Trocando figurinhas



Que a existência de um técnico-especialista é fundamental, já foi dito num dos primeiros posts do blog. Mas pelo que o Harry me conta, neste momento, a presença do Igor é fundamental.
Nos primeiros dias em Folkstone, Harry e Max receberam as orientações do técnico, mas não de maneira presencial. Agora que o Igor chegou à Inglaterra, a mudança foi significativa.
Por um lado, a experiência do Igor em maratonas aquáticas – mais precisamente no Canal da Mancha por ter treinado vários brasileiros e franceses para a travessia –trouxe a ele uma bagagem de conhecimentos notável. Mas acima de tudo, pelo fato dele mesmo ter feito a travessia 2 vezes (uma dela, ida e volta) faz com que ele compreenda melhor o que seus atletas estão sentindo.
As dificuldades estão sendo relatadas e os nadadores estão percebendo que não são só eles que sentem tudo isso. Qualquer pessoa, mesmo o mais bem preparado, tem problemas para se adaptar à condições tão adversas. O Igor relatou várias vezes sobre nadadores bem preparados e que mesmo sendo excelentes nadadores, não conseguiram chegar do outro lado. Assim como há casos, não poucos, de nadadores que chegam aqui e desistem no aquecimento.
Nos últimos dias, os três têm conversado bastante. Trocar experiências traz uma tranquilidade importante aos atletas. Eles ouvem atentamente os relatos do Igor sobre as suas travessias. Da mesma forma que eles, o técnico sofreu com a baixa temperatura da água e a presença de ondas, provocadas pelo vento, também atrapalharam a sua performance.
Nada como saber que o que um atleta sente é semelhante ao que outros também sentem. Isso trouxe um conforto maior ao Harry. Ele reconhece os efeitos positivos, principalmente psicológicos, de todas estas conversas. Dessa forma entendeu que todo seu preparo foi correto e que as possíveis dificuldades são absolutamente compatíveis com um projeto dessa natureza.

sábado, 23 de junho de 2012

A batalha contra o termômetro continua




Quase uma semana depois da chegada na Inglaterra, o Harry ainda está com dificuldades de se aclimatar.
Pelo que senti dos seus relatos, parece que esse é o aspecto mais preocupante. A cada treino, eles aumentam o tempo de permanencia na água e mesmo assim está muito difícil superar a baixa temperatura. Vejam as palavras do Harry: “Sempre soube que não seria fácil e que a água fria somada aos 36 km seria o principal problema. Apesar da boa estratégia de treinamentos, a média da temperatura da água tem sido de 13,4 a 13,8 graus e, entrar no mar e se acostumar com o frio está sendo muito mais difícil do que eu imaginava.
O que o Igor está priorizando no momento é que os nadadores fiquem na água e não se preocupem tanto com a técnica.
Uma das preocupações do Harry é a sequência de horas sem sair da água. Ele me contou sobre a rotina de treinos: “Levantamos cedo e tomamos café por volta das 8 da manhã. Ainda no hotel, o aquecimento começa. Alongamentos e movimentos de girar os braços são fundamentais para preparar músculos e articulações. Entre 10:00 e 10:30hs, vamos para a praia. É muito difícil chegar no mar! Além do caminho cheio de pedras, o vento é cortante. Deixamos nossas coisas atrás de uma grande pedra e colocamos outra menor, por cima de tudo, para que nada saia voando! Depois, tiramos a roupa e passamos a vaselina no corpo (debaixo dos braços, braços, ombros, rosto e coxas). As sandálias, Crocks ou seja o calçado que for, só dá para tirar quando chegamos na beira do mar. Entrando na água, giramos os braços ainda mais, para aquecer as articulações.
Então, olhamos um para o outro e também para as ondas, tentando achar o melhor momento para entrar.
Uma vez na água, só penso numa palavra: choque! Com certeza eu nunca havia experimentado nada parecido. Só depois de uns 3 minutos é que esboço uma reação.
Eu e o Max começamos nadar juntos, mas por ele nadar mais forte e mais rápido, acaba sempre se distanciando de mim. Afinal de contas, 16 anos nos separam!
Acabo usando os prédios ou montanhas ao redor como referência, pois com tantas marolas ficar perdido é muito fácil. Num dos treinos tinha até sol! E que sensação boa essa de ver o sol!
Uma hora depois do treino longo, de 3 horas, volto para o ponto de partida para tomar o suplemento. E para voltar para água depois? Choquinhos pelo corpo todo! E dores. A primeira coisa que penso é se os outros também sentem tudo isso.
Conforme vai relatando, vou ficando cada vez mais apreensiva. Penso no sentido de tudo isso e se as coisas estão sob controle.
Ele me conta que em um momento, percebeu que os dedos da mão não fechavam e que teve medo de estar congelando.
Mas novamente esperou passar aqueles primeiros momentos e o corpo se adaptou mais uma vez.
Senti que nesses momentos críticos o que mais ele pensa é no todo. Ter se preparado por 12 meses nāo é pouca coisa. Outros nadadores nas mesmas condições devem sentir e pensar o mesmo e embora seja difícil, nāo dá para simplesmente desistir sem continuar tentando.
Duas horas depois desse treino, um novo equilibrio se estabelece. Os dedos da māo não voltaram ao normal, mas ganharam um pouco mais de mobilidade, as dores no corpo estavam sob controle e ele conseguiu! 3 horas e um minuto depois ele saiu do mar. A garrafa de água quente foi um prêmio especial.
Durante os 40 minutos em que ficou no chuveiro quente, tudo em que ele mais pensava era: eu consegui!
Pode parecer exagero, mas acho que o frio tomou conta do pensamento de tal forma, que possivelmente ele pode entrar em pânico. Depois vejo que o treinamento psicológico está fazendo efeito. Apesar do desespero, ele ficou até o final!
A cada dia os desafios aumentam. E o Harry já compreendeu que o esforço é bem maior do que todos esses treinamentos e que os limites estāo sendo testados a todo momento. 
Caro Harry, tenho certeza que você saberá entender até onde poderá chegar e os seus amigos estarāo com você incondicionalmente.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

E os treinos continuam


A longa e dolorosa trajetória rumo ao mar


Na segunda-feira, 18/06, foram Harry e seu companheiro Max para o mar.
Pela manhã: 50 minutos de natação. Depois de alguns exercícios, o Harry resolveu ficar mais 6 minutos. Só para se acostumar com o frio. Quase congelou o cérebro.
Mesmo depois de almoçar, parece que aquele frio todo abriu um apetite infinito nos nadadores! Deram uma "passadinha" no supermercado e compraram chocolates, guloseimas, bolachas, refrigerantes e... frutas. Tudo bem que a orientação é ganhar gordura, mas o alarme da balança começou a apitar!
O cansaço depois deste treino da manhã foi tanto, que o Harry fez algo que nunca tinha conseguido antes: dormir à tarde!
Depois do descanso, adivinhem? Mais treino no mar. O principal objetivo é se acostumar com a temperatura da água. O nado em si fica em segundo plano.
Um dos grandes desafios é caminhar em solo, como diria, tão hostil! Do lugar onde deixa as roupas até a beira d’água, é possivel se pensar em vários adjetivos horríveis, pois as pedras são impressionantemente pontudas! Por essa razão, ele ainda não sabe o que dói mais: andar nas pedras ou entrar na água gelada! Fato é que a combinação das duas sensações é inesquecível! Segundo o Harry: "Dói tudo! dói a cabeça como um todo, os olhos.. e a testa? Dói demais! Pelo menos para mim, demora 3 a 4 minutos para as dores diminuem e aí sim consigo começar a nadar direito. Nesse primeiro momento, as batidas na água são totalmente descompassadas e sem sincronia, e aos poucos vou avançando até o ponto que voltamos. Dependendo da duração do treino, continuamos indo e voltando, e dessa forma treinamos também a nadar contra a correnteza."
No final do segundo treino, o Harry não esqueceu a garrafa de água quente e pelo que ele descreveu. a sensação é tão boa que dificilmente ele vai esquecer de levar de novo!
Num dos momentos de repouso, aproveitou para ler um pouco e navegar na internet.
Quando entrou no Facebook se deu conta de quantas pessoas estão conectadas e torcendo por ele.
No dia 17/06, nosso caro Harry completou 55 anos e receber tantos votos de felicidade ajudou a encher seu coração de calor e energia.
Estamos aqui, Harry! Emanando dos trópicos todo o calor que você precisar!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Notícias bem fresquinhas (brrrrr....) do front


O que é, o que é, um pontinho amarelo no revolto Mar do Norte?



E então o Harry chegou em Folkstone. E onde é Folkstone? É ao lado de Dover, de onde ele sairá para a travessia.
Esta cidade é escolhida porque é bem tranquila e o hotel fica próximo ao mar. Lugar perfeito para se aclimatar e se concentrar.
Na sexta-feira, 15/06, quando chegou, o Harry ganhou o dia para descansar. Mas no sábado pela manhã, os treinos começariam.
E a temperatura? Da água, inevitavelmente fria, mas como ventava muito (e consequentemente tinha muitas ondas) o treino foi cancelado.
Sendo assim, ele foi passear no centrinho da cidade e esperar o outro companheiro de travessia que deveria naquele dia.
Depois de almoçar com seu amigo Max e descansar, hora do treino da tarde! Só para ele, porque o Max, por ter chegado só no sábado, teria folga daquele treino.
17 horas. Mar agitado. Muito frio e muitas ondas. Nada de folga para o Harry. E ele foi treinar mesmo.
Pequeno detalhe: para quem está habituado às areias brancas e macias de Ilhabela, aquela praia é um atentado! Somente quem está com Crocks (sapato de uma borracha/espuma) ou é faquir consegue chegar na água sem furar os pés. Santa dica de levar o Crocs para a viagem!
E vejam como foi, nas palavras geladas do Harry: " Tirei a parca (um imenso casaco bem quentinho) que nunca tive coragem de provar em Ilhabela, por conta do calor que se passa lá dentro. Aqui caiu como uma luva! O Max me disse que só queria que eu colocasse os pés na água para sentir o frio. Mas eu fui adiante no meu streap tease, pois iria entrar no mar. Olhei bem para ele, pensei muito em tudo, girei os bracos para aquecer um pouco. Pelo menos quem sabe para o psicológico iria funcionar... e fui em direção ao mar. Coloquei meus pés na água. O frio subia por todo o corpo. Nesse primeiro dia a meta era nadar 10 minutos para se acostumar com a temperatura. Mesmo com todas as dicas do Igor, de molhar a nuca e os rins primeiro, antes de entrar (temos que fazer isso sempre, pois ajuda) foi um susto! A primeira sensação é de que nao vai dar! Para tudo! Até a respiracao parou um pouco! A diferença de temperatura do corpo com a da água (13,6 graus) é realmente absurda! Mas segui por mais alguns minutos, ora nadando, ora olhando e colocando a cabeca para fora. Depois de uns 3 minutos o corpo já estava assimilando bem todo esse choque e consegui dar umas braçadas. Eram tantas ondas e tanto vento que nem sempre a nadada saía bem.
Nadei por 10 minutos, fiquei mais um pouco e sai. Logo na saída o Max me ajudou a colocar a parca e me perguntou se eu havia levado a agua quente. Ops... era mais uma dica do Igor que consistia em pegar uma garrada e encher com água quente. Mas eu esqueci de levar."
A grande recompensa foi o banho no hotel!
Primeiro dia de treino e ele sobreviveu! Força Harry, o reconhecimento do terreno já foi. A partir daí é só dominar as variáveis e nadar muito!
Não sei se o Igor vai gostar, mas toma um golinho daquela bebida aí, do país vizinho, que deve ajudar a esquentar!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Está chegando a hora!

Este post é especial. Hoje o Harry embarca para Inglaterra.
Resolvi escrever algo que pudesse sintetizar este ano de preparação.
Para o Harry, provavelmente foi um dos anos mais intensos de sua vida e que provocou grandes transformações.
Para mim foi a oportunidade de entender (é, às vezes foi difícil...) e relatar um processo tão importante na vida de um amigo.
Quando começamos o blog, me propus a registrar os treinamentos e também as emoções de todo este preparo.
Conhecer e entender nossos limites em treinamentos tão extremos deve ter algum sentido.
Preparar-se para a conquista de um sonho talvez seja mais fácil do que preparar-se para o fato de não conseguir completar o percurso. Sei que isso não deve nortear o treinamento, mas saiba, Harry, que pelo menos para mim, e acredito que para todos os que acompanham o blog, só de se dispor a um desafio como este já é uma imensa conquista.
Confiar em si mesmo é saber que um relativo controle sobre o próprio corpo e mente é possível. Talvez daqui a alguns anos o Harry ainda esteja processando todos os acontecimentos, mas creio que os ensinamentos levará com ele para sempre.
Este não é o último post. Combinamos que diretamente da Inglaterra, mandará notícias e atualizarei o blog.
Caro Harry, você leva na sua touca e no seu coração uma legião de amigos e admiradores da sua determinação e coragem.
Nossa mensagem para você:
Boa viagem e...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Entre o inferno e o paraíso



E a (ou as) semana do inferno continua!
No começo de junho, o Harry teve a oportunidade de "treinar" o efeito da água fria no corpo de um nadador!
Local: represa Billings. Hora: 4:00h (sim, da manhā). Luz natural? Nenhuma.
O cenário é mesmo infernal! Isso porque eu ainda nāo disse a temperatura da água: 18 graus. Sensaçāo térmica? Melhor nem saber.
Depois de uns 40 minutos nadando, o corpo parou de tremer e tudo voltou ao normal (mesmo que eu nāo entenda o que tem de normal em tudo isso).
Só de nadar no escuro e no frio já torna o treino inesquecível. Passadas 5 horas e 40 minutos (depois de 2 horas amanheceu. Aí sim ficou muito fácil...), o treino acabou.
Foram 5 voltas de 1 km cada uma. A primeira, em ritmo mais lento, já que o objetivo era mesmo passar frio (???).
Vejam o que me disse o Harry: "Foi muito desgastante, mas consegui terminar. Fui para o banho e mesmo depois de 20 minutos debaixo da água quente, meu corpo tremia. Aos poucos fui me vestindo ao melhor estilo cebola: em camadas!"
Na volta pata Ilhabela, parou em Santos, para se consultar com seu médico ortomolecular e esportivo. Este profissional o acompanha desde o ano passado, inclusive orientando na sua nutrição.
Constatado: 1 kg a mais na balança. Mas de massa magra. E o percentual de gordura, de 23%, permanecia o mesmo. O ideal na Travessia é chegar aos 24 ou 25%.
O que significa isso? Sim, depois de viver momentos de inferno, o Harry tinha como obrigaçāo engordar! Bem-vindo ao paraíso!
Olhem só o que o Harry ouviu do médico: "Harry, coma o que você quiser até o dia da travessia! Frituras, gorduras, enfim, tudo!"
Deve ser um sonho ouvir uma recomendaçāo assim!
O que fez entāo o obediente paciente? Saiu do consultório e foi direto para uma churrascaria. Rodízio!
Chegando em Ilhabela, mais morto que vivo, tomou todos os relaxantes musculares que achou em casa, colocou uma bolsa de gelo no ombro (sim, as dores tinham aumentado) e foi dormir.
Quando acordou, se deu conta de dormiu 8 horas seguidas! Nem se lembra qual foi a última vez que dormiu tanto.
Apesar do "momento paraíso" proporcionado pelo médico, o Harry ainda vive a metade das duas últimas semanas do inferno. Desde o Aquaman até aquele treino na represa, já tinha nadado 72 km.
Ânimo Harry, faltam só 60km pra completar a meta!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O lado B do Desafio Aquaman




No post anterior, soubemos como foi a parte cor-de-rosa (ok, nem tanto), do Desafio Aquaman.
Mas no final do relato que recebi do Harry, havia a descrição de um lado um tanto mais obscuro da experiência.
Enquanto ele me contava do desafio, de ser convidado, reconhecido e ter conseguido completar a prova, fui sentindo o entusiasmo e toda a energia que vinham junto com as palavras. Mas depois que ele finalmente "chegou" na praia de Itaguá, lembrou de me contar também o quanto doera seu ombro. Mesmo sabendo que esporte de alto rendimento nunca é isento de dores, durante o percurso pensou várias vezes em como faria para suportar as dores, que se em águas de temperatura ideal já faziam ele se ressentir, no Mar do Norte, possivelmente sem luz do dia e com baixa temperatura seriam muito piores.
Esse pensamento rondou a mente do Harry o final de semana todo. Na segunda-feira resolveu ligar para o Igor e conversar um pouco sobre seus temores.
"Ele disse pra eu ficar calmo e que era normal neste momento esse tipo de pensamento e preocupação, e que somente os que conseguiram chegar do outro lado do canal foram aqueles que souberam passar por este problema.......o negócio é se acalmar, ter a cabeça erguida e descer o braço!" Com essas palavras, o Harry me disse que conseguiu retomar a energia positiva resultante do desafio.
Também me contou que se eu achava que a chamada semana do inferno já tinha acabado, estava muito enganada.
No próximo post ele prometeu explicar mais um inesquecível treino noturno, em águas nem um pouco quentinhas!

domingo, 3 de junho de 2012

E com vocês, o Aquaman



Antes de mais nada, devo explicar que este desenho foi ideia do Harry. Ele me disse que o último grande desafio que participou antes da travessia se chamava Desafio Aquaman!
E o que seria o Desafio Aquaman mesmo?
Alguns nadadores se reuniram e resolveram criar uma prova em águas abertas, mais especificamente em Ubatuba.
Escolheram os vinte melhores nadadores do Estado de SP além da atleta Ana Marcela (nadadora brasileira que está liderando o ranking mundial de maratonas aquáticas).
O desafio consistiria em nadar 15 Km nos mares de Ubatuba.
E me contou o Harry: "fiquei sabendo da prova e até tive vontade de participar, mas quando vi que somente os melhores do Estado estariam presentes, percebi que não estaria a altura daquela equipe. Uma prova como essa requer apoio náutico. A velocidade com que esses atletas nadam é muito maior da que eu costumo nadar. Nāo conseguiria acompanhar o comboio"
Mas para surpresa do Harry, no meio da semana recebeu um convite convidando ele para integrar o grupo de participantes.
Claro que um convite como esse faz um bem danado ao ego. De repente, o Harry se deu conta de que seu projeto da Travessia tornou-o visível ao seleto grupo dos grandes atletas.
Nadar aquela prova seria mais uma oportunidade de se preparar para o grande dia! Nāo seria uma simples prova, o que a tornou ainda mais importante.
E quem será que sugeriu o nome do Harry? Foi entāo que ele soube que seu patrocinador, a Integralmédica, quem indicou o nome dele aos organizadores. Indicaram também um médico de Ubatuba, que possivelmente nadaria no mesmo ritmo que ele.
Apesar do frio na barriga, nosso atleta disse: sim, eu aceito!
Participar de um desafio dessa grandeza a menos de vinte dias do grande projeto teria mesmo um grande valor. Sem falar da satisfaçāo pessoal de ter todo esforço reconhecido.
Entāo vamos entender como foi. Na tarde anterior, os atletas se reuniram para um congresso técnico onde foram orientados sobre as particularidades de cada parte do percurso.
Durante o coquetel, depois de receber o kit, ouviu alguém falar num tom mais alto: "olha, aquele é o Harry Finger, que vai atravessar o Canal da Mancha". Apesar da vergonha inicial, bem que o Harry gostou! Principalmente porque logo vieram falar com ele, perguntar detalhes da prova e como foi o programa de treinamento.
Glamour a parte, no dia seguinte, às 6:30h ele já estava na praia das Toninhas, Ubatuba. Aproveitou para experimentar a mistura de vaselina e lanolina (50% de cada) que passará no corpo afim de proteger a pele da longa exposiçāo ao mar. Às 9h, a largada.
Entendi que o evento era um desafio e nāo uma competiçāo, mas para o Harry também marcar o tempo seria importante. Os nadadores mais velozes fariam a prova em 3 horas e os menos, entre 4 e 5 horas.
Duas horas depois, o Harry já tinha nadado metade da distância, o que deixou ele surpreso positivamente. Mesmo com a ajuda da correnteza e a temperatura de 23 graus da água, parece que tudo que o Harry tem treinado fez a diferença!
Quatro horas e onze minutos depois, nosso nadador completou o percurso de 15 km e chegou na praia de Itaguá, ponto final da prova,
Apesar das dores, cansaço e muitos pensamentos contraditórios, a experiência será lembrada pelo Harry como um dos momentos onde o ânimo e a confiança foram muito mais eficientes que qualquer correnteza para empurrar ele para frente!
Valeu, amigo, chegou a hora da recompensa!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Palavra de ordem: foco



Há menos de um mês da travessia, os pensamentos conseguem tomar conta do Harry mais rápido que qualquer braçada que ele possa dar.
Nesta fase, os treinos se alternam em treinos mais longos e mais curtos. Mas não se iludam: os mais curtos estão longe de serem realmente curtos! A média de distância por treino é de 5 a 6 km.
No dia 28/5, terá início mais uma semana de “treinos do inferno”! As instruções já estão passadas: pela manhã, nadar 7 km. À noite, mais 6 km. Simples assim.
Se para um atleta profissional já é difícil, que diria para o Secretário de Turismo...
Só que pelo que eu entendi, conciliar todas as atividades é que transforma realmente a semana em um inferno.
Desde outubro, o Harry optou pelos treinos diurnos, mas com treinos dobrados, vai ter que sobrar um tempinho extra após o trabalho também. Isso quando não tiver que trocar os horários e só treinar à noite.
Foi o que aconteceu na semana passada.
Descrevendo o cenário nas palavras do Harry: “Estava frio, chovendo e ventando. Ninguém foi treinar. Não fosse pela presença da Camila, minha técnica, estaria totalmente sozinho na piscina.
Estava na porta do vestiário que dá acesso a piscina, olhando em volta. Com aquele frio, chuva e vento a piscina estava vazia. Vendo a cena, pensei no pequeno espaço de tempo que passaria frio até chegar na raia em que costumo nadar. Lembrei que daqui a um mês vou entrar no Mar do Norte, com temperatura muito mais baixa, seja fora, seja dentro d’água (temperatura próvavel da água: 14 a 16 graus). O friozinho que eu estava sentindo ali não poderia me assustar. Mas assustou.”
Depois que se entra na água, dizem que o corpo acostuma. É, deve ser assim mesmo...
Estas situações descritas pelo Harry, são acompanhadas de calafrios, nervosismo e até uma certa preguiça. Mas uma pessoa que se dispõe a encarar um projeto como este e se preparar tanto jamais deveria se considerar preguiçosa, não é mesmo?
Fato é que quando esses pensamentos tomam conta do Harry, ele logo se lembra que o projeto é maior que aquele momento isolado e retoma o foco.
Ousaria dizer que focar no objetivo final é o que está dando ao nosso nadador o impulso que ele precisa.
Vamos lá, Harry. Daqui a pouco você vai sentir falta de tudo isso!

terça-feira, 1 de maio de 2012

O treino insano - parte 2



Ufa! Treino de 12 horas, só mesmo dividindo em dois posts.
 Porém, fique calmo, porque o Harry venceu!





Desde o início dos treinos para o Canal da Mancha o Igor vem dizendo que a travessia é 60% cabeça e 40% preparação física. O cuidado com o emocional deve ser tão importante quanto o condicionamento físico.

Durante essa noite toda, o Harry teve oportunidade de pensar nas pessoas que estão envolvidas no seu preparo. Uma delas é a Marie Josete, (terapeuta e coach do nadador).
Nesse treino, se viu novamente pensando na história da travessia de seu pai, em território argentino (releia no http://ilhabelacanal.blogspot.com.br/2012/01/conexoes.html). A conexão entre o nadador e seu pai parece ter ganhado uma importância especial. Ele perdeu o pai quando tinha 16 anos. Tanto tempo depois, sem conhecer a história do pai, se dispôs a encarar um projeto tão desafiador. A presença de seu pai está cada vez mais forte e uma das grandes conquistas de seu trabalho com Marie Josete foi ter consciência disso.
Nas últimas horas deste treino maluco, finalmente coisas boas começaram a fluir. Pensamentos positivos estavam em sua mente,assim como a lembrança de todas as pessoas, que direta ou indiretamente, vêm ajudando, incentivando, parando o Harry na rua e perguntando quando e como será a travessia.
Lembrar de tudo isso tornou a passagem do tempo mais agradável. O relógio deixou de ser um grande inimigo.
Às 5:30 ou 6 da manhã outro estímulo: O dia foi nascendo e a luz do sol, começou a entrar pelas janelas da piscina. 
Com certeza, foi uma sensação animadora. Talvez quando estiver enxergando a França, sinta a mesma emoção!
Nesse momento tudo estava melhorando, incluindo o ânimo e as dores (a função do uso de Aspirina C é justamente amenizar as dores. Os ombros do Harry agradeceram a ideia).
Muitas horas na água já mostravam marcas na pele nas mãos.
Por volta das 7:20 o Igor chegou e começou a apressar o nado, exigindo mais velocidade.
Aos poucos, os nadadores foram acelerando ao som dos gritos animados do técnico:
-"vocês estão vendo a França! Vocês estão vendo a praia! Vamos, vamos! E claro, isso deu uma gasolina extra aos atletas, até que terminassem as 12 horas.
Exatamente às 8 horas da manhã, felizes, eles completaram o treino.
Harry estava radiante, pois sabia e entendia que não seria tão fácil, mas havia nadado 12 horas seguidas. Isso sem dúvida já era uma vitória e uma sensação de realização. Apesar do cansaço, me contou: "me senti inteiro e apesar do cansaço, estava feliz".
Depois de 12 horas na horizontal, ficar em pé, fora da piscina foi outro desafio.
Após uma longa conversa com o Igor e os companheiros, chegou a hora de tomar um bom café da manhã e finalmente dormir.
Aproveito para terminar o relato com as palavras do próprio Harry, que com certeza expressam muito bem o que foi aquela experiência: "Não me vi no espelho, mas tenho certeza que dormi sorrindo, estava realmente feliz".
Bravo, amigo! Você venceu!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

12 horas nadando?




Pois é... Há aproximadamente 3 semanas, o Harry recebe uma mensagem do Igor, perguntando se ele pode estar numa certa sexta-feira, no clube de Sāo Bernardo do Campo, para um treino especial.
Neste treino, a proposta seria nadar 12 horas seguidas, fazendo intervalos de no máximo 30 segundos, a cada 20 ou 30 minutos, para alimentaçāo.
Costumeiramente, o técnico tem mandado mensagens comentando os treinos, cobrando desempenho ou mesmo especificando modificações nas planilhas. Mas dessa vez, a mensagem foi curta e objetiva. Ok, respondeu o Harry, estarei lá.
Depois de responder, começou a pensar realmente o que seria nadar 12 horas seguidas, numa piscina de 25 metros. Trocaram várias mensagens depois, onde o atleta tentou compreender melhor o que aquele treino representaria. Conversou também com os outros dois nadadores que farāo a travessia junto com ele e que também foram convocados para essa maratona. Um deles, que já tentou a travessia em 2011, chegou a fazer esse treino no ano passado e acalmou o Harry dizendo que sim, era possível aguentar o esforço da nataçāo e depois partir para uma boa balada! Exagero, pensei eu quando soube... Só de imaginar 12 horas de nataçāo, acredito que precisaria de umas 72, para retomar as forças!
Ansiedade, curiosidade e preocupaçāo tomaram conta de sua mente. As horas de sono foram abaladas e a ideia de um treino dessa natureza deixaram o Harry bastante apreensivo.
As respostas do Igor ao Harry foram seguidas de uma relaçāo com os horários e especificando o que comer. As paradas seriam a cada 20 ou 30 minutos, de no máximo 30 segundos. Os alimentos indicados eram desde suplementos, bedidas (oba, coca-cola estava liberada!), até Aspirina efervecente, que deveria ser ingerida conforme instruções.
No dia marcado, às 19:50 hs, já com todo o kit alimentaçāo a postos, o Igor deu as últimas orientações, como por exemplo que deveriam nadar somente crawl e que as paradas para suplementação não deveriam ultrapassar 30 segundos. Colocou um grande cronômetro do lado da piscina e antes de dar a largada, nos comunicou que iria pra casa dormir e que voltaria no outro dia, sábado, por volta das 7 horas para acompanhar o final.
Na primeira virada, outra surpresa: o Igor desligou todas as luzes da piscina e eles nadaram no escuro...
Contou-me o Harry: "Depois de uns 10 minutos comecei a me acostumar com aquele luz (ou falta de luz) e já enxergava o fundo da piscina e as marcações dela. Nadamos os primeiros 30 minutos e na parada, claro, fui direto olhar o relógio e o que poderia comer. Pela relação, nas primeiras horas só poderíamos tomar carboidrato. E assim, foram passando as horas, ou melhor passando os diversos 30 minutos, e depois os intervalos de 20 minutos. A cada parada, uma olhada rápida no relógio. Na parada da meia noite, já havíamos nadado 4 horas, ou seja, 1/3 de todo o treino. Faltavam ainda 8 horas, mas não poderíamos estar pensando assim, portanto SÓ faltavam 8 horas."
Passadas 6 horas confessou que estava pensando em parar, preocupado com o cansaço. Na parada conversou com os dois companheiros sobre sua preocupação e possível desistência. Foi então que eles deram um puxão de orelhas, no Harry! " O Igor falou para nadar 12 horas e não acelerar ou nadar contra o tempo. Diminua a velocidade, você está nadando muito rápido!", disse um deles.
Nesse momento, diminuiu bem meu ritmo e voltou a nadar tranquilo. Mas a preocupação com a velocidade, na verdade não se referia ao treino propriamente dito, e sim com a travessia, porque com essa velocidade imaginou que não passaria por possíveis correntezas do canal. Puro devaneio. Ele estava delirando!
No próximo post, contarei como foi o resto da noite, onde tantos pensamentos acompanharam as braçadas do Harry.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Entendendo melhor a solidão



Já faz algum tempo que não atualizamos o blog. Fato que poderia ser justificado pela agenda sempre agitada do Secretário de Turismo de Ilhabela ou talvez pelos inúmeros treinos e competições que o atleta Harry tem tido ao longo dos últimos meses.
Mas conversando com o Harry, entendi que alguns processos têm suas particularidades e que mesmo que inconscientemente, fizeram com que ele se recolhesse um pouco mais.
Nas últimas semanas, participou de alguns treinos peculiares (falaremos mais deles em breve) e que de alguma forma, o levararam a compreender o que se passa na sua camada mais profunda.
Nadar sempre é um ato solitário. Dentro da água não se conversa nem tampouco se ouve claramente o que acontece fora da piscina. Apenas os pensamentos acompanham o nadador.
Nem mesmo os estímulos de luz são claramente perceptíveis. Isso leva o atleta a ficar obrigatoriamente voltado para si mesmo.
Recentemente, o Harry me contou a estranha sensação que teve ao se dar conta de que na travessia, estará acompanhado de um barco de apoio com marinheiros, médico e do Igor (que será o seu guia na travessia). Mesmo estando o tempo todo cercado, quem mais estará com ele serão seus pensamentos e emoções.
Coincidência ou não, foi aí que o Harry começou a me alimentar de novas histórias.
Talvez a percepção da dimensão de sua “viagem interna” fez com que ele voltasse a tona e quisesse dividir o que tem sentido com mais pessoas.
E assim, estamos de volta!
Retomamos o blog para que os momentos de solidão fiquem somente debaixo d’água.
Boas-vindas, Harry!

quinta-feira, 1 de março de 2012

A união faz a força


Qualquer atleta que abrace um projeto dessa grandeza sabe que não se consegue nada sozinho.
Com o Harry acontece o mesmo.
Nessa empreitada da travessia, muitos profissionais estão envolvidos e todos eles representam um investimento para o atleta. Investimento de tempo, energia e... dinheiro, claro!
É aí que entra o patrocinador!
Neste post, vou revelar quem é o parceiro do Harry na sua aventura pelo Canal da Mancha. A Integralmédica é uma empresa de suplementos nutricionais e vitamínicos. Atualmente é uma das maiores e melhores empresas de suplementos do Brasil. E o mais importante: entenderam a importância da prática esportiva, já que além do Harry, estão patrocinando o KFC.
Ah, e como merchandising é tudo, quem estiver na Ilhabela e bater aquela vontade de tomar um suco natural, não deixe de ir ao Bela Sprimida! O endereço é: rua São Benedito (rua do meio), ao lado do Rocha, na Vila. Segundo o Harry, essas informações já são suficientes para você tomar o melhor suco do litoral norte!
E não se esqueçam da campanha conjunta com o Lions:
Doe uma cadeira de rodas e atravesse o Canal da Mancha junto com o Harry!
O Lions tem um banco de cadeiras de roda. Quem doar a partir de R$ 250,00, estará contribuindo com uma delas. Além disso, o doador recebe um recibo de doação e saberá posteriormente para quem foi esta cadeira.
E o melhor? Quem doar vai ter seu nome na touca do Harry e atravessar o Canal junto com ele! Sem se molhar...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Quem quer atravessar o Canal da Mancha com o Harry?








Acredito que nada é por acaso. Ainda que os fatos não sejam diretamente correlatos, conexões acabam acontecendo.
Possivelmente a decisão do Harry de cruzar o Canal da Mancha deve ter feito ele repensar valores e atitudes.
Não sei se ele planejou desde o princípio associar seu projeto a algum outro, mas nesse momento vamos divulgar uma campanha que está desenvolvendo junto com o Lions de Ilhabela.
Para quem não conhece, o Lions Internacional é uma associação mundial, preocupada em atender comunidades do mundo todo.
Sendo uma entidade beneficente depende da colaboração de todos que querem ajudá-la.
Pensando em se engajar de alguma forma com o Lions de sua cidade, o Harry teve uma ideia. Uma das campanhas da associação é conseguir cadeiras de rodas para pessoas necessitadas. Foi então que surgiu a parceria: “Doe uma cadeira de rodas e seu nome será gravado na touca do Harry. Assim você atravessa o Canal da Mancha junto com ele”.
Achei a ideia incrível e pensei que se esse projeto do Harry precisa de mais uma justificativa para existir, esta seria uma das melhores.
No nosso cotidiano, nem sempre paramos para fazer algo em benefício de um desconhecido. Com essa campanha, pelo menos com um gesto simples e direto, podemos fazer a diferença para alguém.
Para saber mais, mnde um e-mail para: harry_finger@hotmail.com.
Verdade seja dita: é mais fácil atravessar o canal na touca do Harry do que nadando por sua conta, não é mesmo?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Encarando a balança. De novo


Não é fácil manter esse corpinho sarado


Acho que de todas as batalhas que o Harry está travando para concretizar o projeto da travessia, a da balança me parece uma das mais desafiadoras!
Desde que começou a preparação, sei que ele está lutando contra o peso e tentando usar a nutrição a seu favor.
Nesse momento está sob orientação do Dr. Miguel Naveira, que mora em Santos. Além de nutricionista é médico esportivo.
Segundo o Harry conta, as orientações são tanto para a parte nutricional quanto para a preparação física, quando se faz necessário.
Em novembro de 2011, começaram então um novo programa juntos. O Dr. Miguel mudou os suplementos diários começando com uma drástica diminuição de carboidratos. Só de saber disso, logo pensei que a vida sem carboidratos pode ser muito difícil... pelo menos para mim!
Na próxima semana, a dieta do nosso nadador vai ganhar uma “hiper-vitamina”, que ingerida logo pela manhã e na hora do almoço, dará uma força extra, vital para o momento do treinamento atual.
O mais legal é que o trabalho do nutricionista está associado ao do Igor, dando unidade e garantindo mais sucesso nas ações empregadas.
E por falar em Igor, os treinos estão ficando cada vez mais pesados! Agora as metragens variam entre 6.000 e 7.000 metros diários.
A parte boa do Dr. Miguel é que ele não é muito drástico quanto à restrições alimentares, o que não quer dizer que o Harry esteja abusando! O maior desafio no momento é eliminar o consumo total de refrigerante! Diminuir foi fácil, mas eliminar totalmente... isso parece uma tortura para ele!
Vamos Harry, seja firme e mire-se nos números! Desde julho, você já emagreceu 6 kilos e perdeu 5 cm de cintura! E a cereja do bolo? Em junho de 2011, a porcentagem de gordura corporal era de 25%. Atualmente está em 22% e a meta é chegar entre 18 e 20%. E o melhor: na data da travessia o índice vai ter que voltar aos 24 ou 25%, já que nenhum magrinho aguenta nadar em águas geladas!
Se você fosse mulher, com certeza estaria dando pulos de alegria com essas novas medidas! Abaixo o refrigerante e viva o corpinho novo!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O nadador que virou suco



Há alguns anos atrás, numa das esquinas da avenida Paulista, coraçāo da cidade de Sāo Paulo, surgiu uma casa de sucos cujo nome era "o engenheiro que virou suco". O nome do lugar já revelava tudo. Um engenheiro, abandonou a profissāo e abriu uma loja de sucos naturais.
Nessa semana, recebo um e-mail do Harry, me contando que nāo achando suficiente a demanda da Secretaria de Turismo, nem exausto com a programaçāo de treinamentos para a travessia, ele resolveu abrir uma casa de sucos e lanches naturais na Ilhabela. 
Ok, pensei, eu, o cara deve estar engolindo muito cloro mesmo...
Mas pelo tom do email, ele me pareceu bem ciente do tipo de encrenca resolveu somar à sua vidinha pacata!
Os treinos de musculaçāo, de acordo com seus relatos, continuam servindo para que ele jamais se esqueça da cada um dos grupos musculares presentes no corpo humano. A metragem a ser nadada diariamente até caiu de 5600 m para 4200 m e os braços do Harry agradecem efusivamente essa reduçāo.
Já que os treinos diminuiram, o nadador resolveu preencher o tempo ganho com a lanchonete natural.
Nessa época de verāo, possivelmente os turistas vāo invadir Ilhabela, seja por terra, seja por mar (nāo sāo poucos os navios que atracam na ilha nesta temporada).
Provavelmente por estar tāo envolvido com os projetos de eco-turismo de verāo na Ilhabela, o secretário consegue entender o potencial de um negócio como este.
 É Harry, desejo a você, que entre uma braçada, uma reuniāo, uns halteres e um copo de suco, sobre um tempo para respirar!
Ah, só para finalizar. E o nome da casa de lanches? Espremidinho. Seria sugestāo de um momento que está sendo vivido ou mera concidência?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Músculos para que te quero

Pequena aula de anatomia para inspirar



É chegada a hora de falar da musculaçāo.
Entāo o Harry me relata que nesta fase, os treinos específicos de musculaçāo vāo se intensificar. Indignado, ele me conta que descobriu que aquele velho conceito de que a nataçāo é um esporte completo, que nadando se trabalha o corpo todo, é tudo mentira!
A cada treino, ele descobre mais um grupo muscular que estava adormecido.
Será que alguém que nada há 15 anos ininterruptamente deveria descobrir tantos grupos musculares diferentes, que doem como se nunca tivessem sido usados?
E o pior é que o Harry só tem treinado musculaçāo duas vezes por semana!
Segundo ele, no estado de exaustāo muscular em que se encontram seus braços está difícil até mesmo assinar um cheque! O que pode ser uma vantagem, nāo é mesmo?
Os treinos já foram delineados até o dia 16/06, data em que o nosso atleta embarca para Inglaterra. Em duas das semanas dos treinamento descritos, o título está "hell". Sim, quem pensou na palavra inferno, acertou. Se no estágio atual só nāo está com dores nos olhos, provavelmente nas semanas infernais eles vāo doer também!
Obviamente que ajustes serāo feitos, porque nāo existem planilhas estáticas. Imagino que tanto o Igor quanto o Harry e principalmente os músculos dele vāo ter que assinar um contrato de total integraçāo!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Respirando fundo

Palavra de especialista: respire fundo

Cada depoimento que recebo do Harry é mais surpreendente que o anterior. Dessa vez, ele me conta sobre um tipo de treinamento, onde o nadador usa uma camiseta. E por que nadar de camiseta? Para ficar mais pesado, oras!
Esse treino “diferente” foi agendado para sexta-feira, dia 23/12. Véspera de natal? Isso mesmo!
A orientação era nadar 5000 metros e medir o tempo gasto.
Final de ano combina com amigos, casa cheia e... muita comida, calórica e excessiva. Difícil imaginar um treino pesado neste cenário.
E vamos ao desafio: o Harry iniciou os primeiros 1000 metros e desde o início já sentiu que algo não ia bem. O corpo estava estranho, um tanto alheio aos comandos dados pelo cérebro. As pernas e braços pesavam muito e após este primeiro km, o cansaço e as dores eram exagerados. Passados mais 500 metros, a sensação só piorava e quando a metragem chegou nos 1600 metros, a coisa pegou.
Nesse momento, passou um filme de terror pelos olhos do Harry: “foi aí que resolvi então me imaginar no Canal da Mancha, onde o que vou ter que fazer é nadar e nadar, continuar, mesmo com dores e cansaço continuar nadando.....
Ao invés de desanimar, a imagem dele no meio da travessia do Canal conseguiu impulsionar o nadador mais um pouco. Não o suficiente. Após nadar 1700 metros, ele parou. Triste e frustrado, principalmente pensando que se sim fosse o momento da travessia ele não teria conseguido.
Foi um momento difícil, onde o projeto ficou ameaçado, pelo menos naquele momento.

Voltei pra casa arrasado, foi incrível como me abateu este treino, mais pelo fato de pensar que possivelmente estava lá e havia desistido. Apesar do dia difícil, fui me acalmando e analisando o porquê do acontecido. Com certeza foi o estress do dia a dia, o início dos trabalhos de musculação, o acúmulo de treinos e o final do ano. Demorou para entender que estes fatores me levaram a desistir.
O tamanho de minha responsabilidade com Secretario de Turismo numa cidade que vive dele sem dúvida pesou bastante.
E completou com um fato incrível e improvável. Ao relatar ao Igor da desistência, ouviu dele:
 “Tudo bem, fica tranquilo, às vezes isso acontece mesmo, aproveite para descansar. Vá dormir mais cedo, descanse e assim que tiver descansado tente de novo, ou deixe para fazermos este treino mais para frente” Escutar aquelas palavras vindas do técnico era o que o Harry mais queria. O alívio foi imediato!
Dois dias depois de descansar muito, entrou na piscina para nadar os 5000 com camiseta.
“Fiz em 1h33”22 e dormi muito bem naquele dia.”
Acho que em situações extremas, fique calmo, respire fundo e continue a nadar!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conexões


Conectando pai e filho



Há quem não acredite em destino, mas para retomar o blog em 2012, escolhemos uma história de conexão mágica.
Há pouco tempo, o Harry soube de um fato sobre seu pai que no mínimo, é curioso.
Durante a Segunda Guerra mundial, muitos judeus tiveram que fazer manobras para sobreviver. O pai do Harry, nascido na Romênia, é um desses. Por conta da perseguição nazista, era muito comum os judeus deixarem suas cidades de origem e buscar outros lugares para viver.
Deixo que o Harry conte a história de seu pai:
“Durante a guerra, meus pais tiveram que fugir de suas casas, cidades e até de país, para permanecerem vivos.
Meu pai fugiu da Romênia depois de ver praticamente toda familia morta quando voltava do centro da cidade. Ele fugiu e durante quase quatro anos perambulou pela Europa, em vários países. Num destes, acabou encontrando um conhecido de um amigo, que lhe deu num pedaço de papel, o contato de uma familia em Buenos Aires. Segundo esta pessoa, esta família poderia lhe acolher e dar oportunidade para ele recomeçar sua vida. Não teve dúvidas! Depois de estar por quatro anos na Europa, sem conseguir recomeçar algo que nem havia começado, foi direto ao porto e subiu no primeiro navio que viu. Este navio estava indo para a América do Sul com paradas no Uruguai, Buenos Aires, entre outros.
Acabou desembarcando no Uruguai contra vontade, porque seu destino era a Argentina, onde tinha o contato. Ouviu conselhos dos marinheiros, e desembarcou no Uruguay. Na época, quem governava a Argentina era Perón, que não gostava dos judeus. E era justamente do antissemitismo que ele estava fugindo.
Passou algum tempo no Uruguay, mas sua real intenção era mesmo ir para Argentina. Resolveu então pegar um barco que estava indo para Buenos aires.
No trajeto entre o Uruguai e Buenos Aires, possivelmente da cidade de Colonia, uma barca da marinha argentina se aproximou do navio onde ele estava. Este barco era justamente para verificar se haviam judeus a bordo, pois Perón não autorizava a entrade de judeus em terras. Foi então que de repente, (como contam familiares que hoje moram na argentina) meu pai resolveu pular na água e sair nadando. Amarrou num lenço algum dinheiro e o papel com o nome e endereço destas pessoas e veio nadando até Buenos Aires. Chegando lá contatou esta familia que o acolheu, fez novos documentos e o ajudou a encontrar os tios que estavam em São Paulo. A partir deste encontro, conseguiu reiniciar sua vida no Brasil.”
Lendo o relato do Harry, fiquei pensando naquela época em que perguntei à ele o porquê do desejo de atravessar o Canal da Mancha. Talvez, em algum lugar do inconsciente do Harry, esta conexão com o pai tinha que ser feita.
E pensando ainda mais um pouco, será que este já não seria motivo suficiente?