segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O nadador que virou suco



Há alguns anos atrás, numa das esquinas da avenida Paulista, coraçāo da cidade de Sāo Paulo, surgiu uma casa de sucos cujo nome era "o engenheiro que virou suco". O nome do lugar já revelava tudo. Um engenheiro, abandonou a profissāo e abriu uma loja de sucos naturais.
Nessa semana, recebo um e-mail do Harry, me contando que nāo achando suficiente a demanda da Secretaria de Turismo, nem exausto com a programaçāo de treinamentos para a travessia, ele resolveu abrir uma casa de sucos e lanches naturais na Ilhabela. 
Ok, pensei, eu, o cara deve estar engolindo muito cloro mesmo...
Mas pelo tom do email, ele me pareceu bem ciente do tipo de encrenca resolveu somar à sua vidinha pacata!
Os treinos de musculaçāo, de acordo com seus relatos, continuam servindo para que ele jamais se esqueça da cada um dos grupos musculares presentes no corpo humano. A metragem a ser nadada diariamente até caiu de 5600 m para 4200 m e os braços do Harry agradecem efusivamente essa reduçāo.
Já que os treinos diminuiram, o nadador resolveu preencher o tempo ganho com a lanchonete natural.
Nessa época de verāo, possivelmente os turistas vāo invadir Ilhabela, seja por terra, seja por mar (nāo sāo poucos os navios que atracam na ilha nesta temporada).
Provavelmente por estar tāo envolvido com os projetos de eco-turismo de verāo na Ilhabela, o secretário consegue entender o potencial de um negócio como este.
 É Harry, desejo a você, que entre uma braçada, uma reuniāo, uns halteres e um copo de suco, sobre um tempo para respirar!
Ah, só para finalizar. E o nome da casa de lanches? Espremidinho. Seria sugestāo de um momento que está sendo vivido ou mera concidência?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Músculos para que te quero

Pequena aula de anatomia para inspirar



É chegada a hora de falar da musculaçāo.
Entāo o Harry me relata que nesta fase, os treinos específicos de musculaçāo vāo se intensificar. Indignado, ele me conta que descobriu que aquele velho conceito de que a nataçāo é um esporte completo, que nadando se trabalha o corpo todo, é tudo mentira!
A cada treino, ele descobre mais um grupo muscular que estava adormecido.
Será que alguém que nada há 15 anos ininterruptamente deveria descobrir tantos grupos musculares diferentes, que doem como se nunca tivessem sido usados?
E o pior é que o Harry só tem treinado musculaçāo duas vezes por semana!
Segundo ele, no estado de exaustāo muscular em que se encontram seus braços está difícil até mesmo assinar um cheque! O que pode ser uma vantagem, nāo é mesmo?
Os treinos já foram delineados até o dia 16/06, data em que o nosso atleta embarca para Inglaterra. Em duas das semanas dos treinamento descritos, o título está "hell". Sim, quem pensou na palavra inferno, acertou. Se no estágio atual só nāo está com dores nos olhos, provavelmente nas semanas infernais eles vāo doer também!
Obviamente que ajustes serāo feitos, porque nāo existem planilhas estáticas. Imagino que tanto o Igor quanto o Harry e principalmente os músculos dele vāo ter que assinar um contrato de total integraçāo!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Respirando fundo

Palavra de especialista: respire fundo

Cada depoimento que recebo do Harry é mais surpreendente que o anterior. Dessa vez, ele me conta sobre um tipo de treinamento, onde o nadador usa uma camiseta. E por que nadar de camiseta? Para ficar mais pesado, oras!
Esse treino “diferente” foi agendado para sexta-feira, dia 23/12. Véspera de natal? Isso mesmo!
A orientação era nadar 5000 metros e medir o tempo gasto.
Final de ano combina com amigos, casa cheia e... muita comida, calórica e excessiva. Difícil imaginar um treino pesado neste cenário.
E vamos ao desafio: o Harry iniciou os primeiros 1000 metros e desde o início já sentiu que algo não ia bem. O corpo estava estranho, um tanto alheio aos comandos dados pelo cérebro. As pernas e braços pesavam muito e após este primeiro km, o cansaço e as dores eram exagerados. Passados mais 500 metros, a sensação só piorava e quando a metragem chegou nos 1600 metros, a coisa pegou.
Nesse momento, passou um filme de terror pelos olhos do Harry: “foi aí que resolvi então me imaginar no Canal da Mancha, onde o que vou ter que fazer é nadar e nadar, continuar, mesmo com dores e cansaço continuar nadando.....
Ao invés de desanimar, a imagem dele no meio da travessia do Canal conseguiu impulsionar o nadador mais um pouco. Não o suficiente. Após nadar 1700 metros, ele parou. Triste e frustrado, principalmente pensando que se sim fosse o momento da travessia ele não teria conseguido.
Foi um momento difícil, onde o projeto ficou ameaçado, pelo menos naquele momento.

Voltei pra casa arrasado, foi incrível como me abateu este treino, mais pelo fato de pensar que possivelmente estava lá e havia desistido. Apesar do dia difícil, fui me acalmando e analisando o porquê do acontecido. Com certeza foi o estress do dia a dia, o início dos trabalhos de musculação, o acúmulo de treinos e o final do ano. Demorou para entender que estes fatores me levaram a desistir.
O tamanho de minha responsabilidade com Secretario de Turismo numa cidade que vive dele sem dúvida pesou bastante.
E completou com um fato incrível e improvável. Ao relatar ao Igor da desistência, ouviu dele:
 “Tudo bem, fica tranquilo, às vezes isso acontece mesmo, aproveite para descansar. Vá dormir mais cedo, descanse e assim que tiver descansado tente de novo, ou deixe para fazermos este treino mais para frente” Escutar aquelas palavras vindas do técnico era o que o Harry mais queria. O alívio foi imediato!
Dois dias depois de descansar muito, entrou na piscina para nadar os 5000 com camiseta.
“Fiz em 1h33”22 e dormi muito bem naquele dia.”
Acho que em situações extremas, fique calmo, respire fundo e continue a nadar!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conexões


Conectando pai e filho



Há quem não acredite em destino, mas para retomar o blog em 2012, escolhemos uma história de conexão mágica.
Há pouco tempo, o Harry soube de um fato sobre seu pai que no mínimo, é curioso.
Durante a Segunda Guerra mundial, muitos judeus tiveram que fazer manobras para sobreviver. O pai do Harry, nascido na Romênia, é um desses. Por conta da perseguição nazista, era muito comum os judeus deixarem suas cidades de origem e buscar outros lugares para viver.
Deixo que o Harry conte a história de seu pai:
“Durante a guerra, meus pais tiveram que fugir de suas casas, cidades e até de país, para permanecerem vivos.
Meu pai fugiu da Romênia depois de ver praticamente toda familia morta quando voltava do centro da cidade. Ele fugiu e durante quase quatro anos perambulou pela Europa, em vários países. Num destes, acabou encontrando um conhecido de um amigo, que lhe deu num pedaço de papel, o contato de uma familia em Buenos Aires. Segundo esta pessoa, esta família poderia lhe acolher e dar oportunidade para ele recomeçar sua vida. Não teve dúvidas! Depois de estar por quatro anos na Europa, sem conseguir recomeçar algo que nem havia começado, foi direto ao porto e subiu no primeiro navio que viu. Este navio estava indo para a América do Sul com paradas no Uruguai, Buenos Aires, entre outros.
Acabou desembarcando no Uruguai contra vontade, porque seu destino era a Argentina, onde tinha o contato. Ouviu conselhos dos marinheiros, e desembarcou no Uruguay. Na época, quem governava a Argentina era Perón, que não gostava dos judeus. E era justamente do antissemitismo que ele estava fugindo.
Passou algum tempo no Uruguay, mas sua real intenção era mesmo ir para Argentina. Resolveu então pegar um barco que estava indo para Buenos aires.
No trajeto entre o Uruguai e Buenos Aires, possivelmente da cidade de Colonia, uma barca da marinha argentina se aproximou do navio onde ele estava. Este barco era justamente para verificar se haviam judeus a bordo, pois Perón não autorizava a entrade de judeus em terras. Foi então que de repente, (como contam familiares que hoje moram na argentina) meu pai resolveu pular na água e sair nadando. Amarrou num lenço algum dinheiro e o papel com o nome e endereço destas pessoas e veio nadando até Buenos Aires. Chegando lá contatou esta familia que o acolheu, fez novos documentos e o ajudou a encontrar os tios que estavam em São Paulo. A partir deste encontro, conseguiu reiniciar sua vida no Brasil.”
Lendo o relato do Harry, fiquei pensando naquela época em que perguntei à ele o porquê do desejo de atravessar o Canal da Mancha. Talvez, em algum lugar do inconsciente do Harry, esta conexão com o pai tinha que ser feita.
E pensando ainda mais um pouco, será que este já não seria motivo suficiente?