sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conexões


Conectando pai e filho



Há quem não acredite em destino, mas para retomar o blog em 2012, escolhemos uma história de conexão mágica.
Há pouco tempo, o Harry soube de um fato sobre seu pai que no mínimo, é curioso.
Durante a Segunda Guerra mundial, muitos judeus tiveram que fazer manobras para sobreviver. O pai do Harry, nascido na Romênia, é um desses. Por conta da perseguição nazista, era muito comum os judeus deixarem suas cidades de origem e buscar outros lugares para viver.
Deixo que o Harry conte a história de seu pai:
“Durante a guerra, meus pais tiveram que fugir de suas casas, cidades e até de país, para permanecerem vivos.
Meu pai fugiu da Romênia depois de ver praticamente toda familia morta quando voltava do centro da cidade. Ele fugiu e durante quase quatro anos perambulou pela Europa, em vários países. Num destes, acabou encontrando um conhecido de um amigo, que lhe deu num pedaço de papel, o contato de uma familia em Buenos Aires. Segundo esta pessoa, esta família poderia lhe acolher e dar oportunidade para ele recomeçar sua vida. Não teve dúvidas! Depois de estar por quatro anos na Europa, sem conseguir recomeçar algo que nem havia começado, foi direto ao porto e subiu no primeiro navio que viu. Este navio estava indo para a América do Sul com paradas no Uruguai, Buenos Aires, entre outros.
Acabou desembarcando no Uruguai contra vontade, porque seu destino era a Argentina, onde tinha o contato. Ouviu conselhos dos marinheiros, e desembarcou no Uruguay. Na época, quem governava a Argentina era Perón, que não gostava dos judeus. E era justamente do antissemitismo que ele estava fugindo.
Passou algum tempo no Uruguay, mas sua real intenção era mesmo ir para Argentina. Resolveu então pegar um barco que estava indo para Buenos aires.
No trajeto entre o Uruguai e Buenos Aires, possivelmente da cidade de Colonia, uma barca da marinha argentina se aproximou do navio onde ele estava. Este barco era justamente para verificar se haviam judeus a bordo, pois Perón não autorizava a entrade de judeus em terras. Foi então que de repente, (como contam familiares que hoje moram na argentina) meu pai resolveu pular na água e sair nadando. Amarrou num lenço algum dinheiro e o papel com o nome e endereço destas pessoas e veio nadando até Buenos Aires. Chegando lá contatou esta familia que o acolheu, fez novos documentos e o ajudou a encontrar os tios que estavam em São Paulo. A partir deste encontro, conseguiu reiniciar sua vida no Brasil.”
Lendo o relato do Harry, fiquei pensando naquela época em que perguntei à ele o porquê do desejo de atravessar o Canal da Mancha. Talvez, em algum lugar do inconsciente do Harry, esta conexão com o pai tinha que ser feita.
E pensando ainda mais um pouco, será que este já não seria motivo suficiente?

Nenhum comentário:

Postar um comentário