segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A prova 14 bis - o retorno - parte I

Cenas da prova 14 Bis - 2011

Se lembrarem bem, no segundo post do blog (http://ilhabelacanal.blogspot.com/2011/07/tentando-entender-como-isso-comecou.html), meu caro Harry contou que já participou da prova 14 Bis anteriormente. Como ele mesmo explicou, não dá para comparar a performance de 2003 com a de 2011. Sejam as circunstâncias da prova, seja o seu preparo físico e mental, tudo é muito diferente nas duas edições.
Em 2003, ele ficou doente por uns 3 meses depois da prova. Dessa vez, mesmo cansado, a sensação foi muito diferente. Nada como estar bem preparado.
Enquanto seguia com o calendário normal de treinos, surgiu a data desta prova. O Harry pensou em participar, mas achou melhor perguntar primeiro ao Igor o que ele achava.
-Claro que vai nadar! Eu inclusive já avisei para os organizadores que você vai.
Uma resposta surpreendente para o Harry. Surpreendente por que? É obvio que o técnico ia querer ele numa prova de travessia como essa! No mesmo minuto já avisou ao Harry que ele teria que arrumar uma equipe, pois as equipes organizadas têm lanchas que dão o suporte necessário para a travessia. E foi assim que ele se inscreveu numa equipe de São Bernardo.
Os treinos vinham numa escalada boa, mas em vista de uma travessia de 24 km, com certeza algumas coisas iriam mudar. "Comecei a semana forte e no decorrer da semana, foi diminuindo, diminuindo até que na sexta-feira, dia que antecedeu a prova, e eu voltava de Buenos Aires, constatei que há dois dias da travessia, nadaria 3000 m. Nunca pensei que fosse achar 3000 m pouco!", disse o nadador.
Mais uma grata surpresa ao Harry. Sonia, sua esposa, resolveu acompanhá-lo nessa prova. Viajaram na sexta-feira para Santos. No hotel, encomendou não só os sanduiches para o jantar, como também um extra, que seria comido às 5:45h do dia seguinte, muito antes de qualquer café continental ser servido!
Na madrugada, digo manhã seguinte, rumou à Base Aérea, onde a prova começaria. Passada a burocracia da documentação, começou a sessão cosmética. A saber: nessas provas, os atletas lambuzam o corpo todo com vaselina e lanolina e por cima de tudo, uma boa camada de protetor solar. Essa maquiagem toda deixa os nadadores com um aspecto bem esquisito e o fato de não se verem no espelho é praticamente uma benção.
Feito o juramento e cantado o hino, o Comandante da Base Aérea convida os nadadores a entrarem na água. E então vem o tiro de largada. Tiro de canhão, que mesmo os atletas cientes do tamanho do barulho, sempre assustam!
O cenário na água: botes, caiaques, lanchas abastecidas com alimentos especiais e o mais importante: atletas!
Então o Harry me contou:
"Demos a largada e como fomos divididos em equipes de 6 a 7 nadadores que nadam mais ou menos igual, (para que seja mais fácil acompanhar os nadadores) saimos todos juntos. A direção foi dada, os relógios zerados, e as braçadas iniciadas, cada um no seu ritmo. Logo na saída já se observa que têm aqueles mais aflitos, onde a adrenalina não os deixa quietos e disparam rápido. O que geralmente acontece é que pouco tempo depois, se acalmam e voltam a nadar no ritmo habitual.
Depois de 30 minutos mais ou menos, para minha surpresa, uma lancha se aproximou. Era da nossa equipe e já veio para distribuir malto dextrina geladinha....hummm como caiu bem esta malto!" Não tenho a menor ideia do que seja isso, mas que maravilhosa iguaria pode ter um nome como este?
Melhor do que o lanchinho foi a sensação de segurança e cuidado que esta lancha de apoio trouxe.
O grupo seguia nadando junto, dando ânimo extra. Mesmo assim, o cansaço começou a bater...
Dependendo do momento, a orientação é nadar mais perto da margem ou mais no meio do canal. Em algumas partes, chega a ser tão raso que as mãos encostam no chão, ou até mesmo os nadadores ficam em pé, andando na lama (é, eu pensei a mesma coisa: meio desagradável a sensação, não?).
Foi em um desses trechos mais rasos que o Harry acabou raspando a barriga num galho. Ok, doeu, como ele me contou, mas somente na parada seguinte, para mais um lanchinho, depois da quarta hora de prova é que ele percebeu que sim, saia sangue da barriga. E não era pouco.
Cinco horas de prova. O cansaço já não era desprezivel. Os colegas de equipe se dividiram em um grupo mais a frente e outro mais atrás. E o Harry no meio, isolado. Acelerar para alcançar quem estava na frente não era boa estratégia para quem estava bem cansado e atrasar o ritmo para integrar a equipe que estava atrás também não parecia boa ideia.
Nadar sozinho deu um certo desespero e foi quando ele resolveu, pela primeira vez, perguntar ao barco de apoio quanto tempo de prova faltava.
Enquanto comia umas bolachas, teve a resposta à sua pergunta.
Querem saber em que pé que estava? então aguardem o próximo post!

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